Publicado em: 22/03/2020 14:16:18
Classificada como Pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Rede Norte-Nordeste de Pesquisadores na Pós-Graduação em Geografia (RENNEGEO) esboça o primeiro ensaio relativo à ocorrência dos casos suspeitos de contaminação e dos casos confirmados no Brasil.
Em face à emergência em saúde pública de importância nacional, decorrente da Infecção Humana causada pelo Novo Coronavírus, classificada como Pandemia em 11 de março de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e diante dos desencontros nas informações sobre as suspeitas e casos confirmados, a Rede Norte-Nordeste de Pesquisadores na Pós-Graduação em Geografia (RENNEGEO) abre espaço, se utilizando do instrumental do geoprocessamento para tratamento e divulgação, em um primeiro momento, de dados relativos à ocorrência dos casos suspeitos de contaminação e dos casos confirmados no Brasil.
Pautado em um conjunto de representações construídas pelo Professor Franklin Roberto da Costa, da UERN, percebe-se que os primeiros casos suspeitos foram registrados no Brasil em meados de fevereiro (dia 19) do corrente ano e, em apenas um mês, de escala restrita a alguns estados (RS e SP) incorporam a escala da nação (Mapa 1).
Mapa 1
A confirmação do primeiro caso de contaminação pela COVID-19 no Brasil se deu no dia 25 de fevereiro, no estado de São Paulo. Desde então, o aumento é exponencial (Mapa 2).
Mapa 2
Medidas restritivas têm sido adotadas para conter o avanço da contaminação, pois, em apenas 24h (de 19/03 a 20/03), foi perceptível a mudança no cenário nacional (Mapa 3) o extrapolamento do raio de concentração na Região Sudeste (ênfase SP e RJ), atingindo com força a Região Nordeste (destaque no CE).
Mapa 3
Deste modo, para evitar que o ocorrido na China e atualmente na Itália – os quais registram os maiores números – se repita no Brasil, é necessário assimilar/respeitar a quarentena proposta pelos governadores de diversos estados. O isolamento em residência é extremamente necessário e sua implementação suscitou, em vários países, uma melhor distribuição dos casos no tempo e com desdobramentos a impedir o sobrecarregamento do sistema de saúde.
Desde seus primórdios, os geógrafos e a Ciência Geográfica contribuíram na análise dos fenômenos sociais e naturais, com ênfase no entendimento de suas repercussões no espaço e em conectividade com outras áreas do conhecimento. Não pode, neste sentido, se furtar em contribuir nas discussões sobre o planejamento de ações associadas ao atingimento do bem-estar humano. No caso específico do Novo Coronavírus, o uso das Geotecnologias certamente contribuirá na compreensão da espacialização dos casos confirmados e suspeitos em todo o país, com o intento de focar no Brasil Setentrional.
Considerando o quadro de Pandemia e a conjuntura política brasileira, a RENNEGEO não poderia deixar de destacar a importância da ciência no lido de eventos desta natureza, enfatizando a contribuição e atuação: I. das Universidades Públicas, a concentrarem maior número de pesquisas no país, dentre elas a realização do sequenciamento do genoma do Coronavírus por duas pesquisadoras; II. do Sistema Único de Saúde – SUS e de seus funcionários públicos. Por fim, são vários os exemplos sobre o impacto socioeconômico da ciência e tecnologia já amplamente divulgado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência Brasileira (SBPC), na saúde, na agricultura, na produção animal, em políticas públicas. Essa última com contribuição das ciências humanas, não só nas políticas públicas para superação das desigualdades regionais. Cumpre assim seu papel e valida o conjunto de investimentos públicos direcionados e a impactar no mundo no qual se vivemos.
Fonte: Rede Norte-Nordeste de Pesquisadores na Pós-Graduação em Geografia (RENNEGEO)